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Zona habitada desde a dominação romana como provam as sepulturas encontradas no Monte de S. Luís, Gâdara e Fonte da Bica. Na doação da Cardosa aos Templários, em 1214, já se fala nos Escalos. Em 1715 tinha 80 fogos. Tal como Escalos de Cima, freguesia próxima, situada em plena via de penetração (possível estrada internacional a Monfortinho) para a raia e Beira, Tem-se desenvolvido consoante a polarização da mesma via e proximidade da sede do concelho. Em 1960 possuía 1649 habitantes e 507 fogos. Na sua área, Granja de S. Luís, existe importante estação termal, mal explorada.

Toponímia: Ablativo locativo – In Scallis (nos marcos). Os romanos colocavam os marços ao longo das grandes vias para confirmar a sua presença e indicar distâncias. Uma grande via romana passava por Escalos (Idanha-a-Velha, Escalos, Castelo Branco, Tomar, Lisboa).

Património Cultural:

  • Igreja Matriz: S. Silvestre, finais do séc. XVII, princípio do séc. XVIII; fachada barroca, sofreu várias alterações; Torre e cúpula do séc. XIX.
  • Capela de Nª Srª das Neves: foi igreja matriz, já existia desde 1522, o púlpito tem data de 1660
  • Capela de S. Sebastião: construída a partir de 1704
  • Capela do Monte de S. Luís: séc. XVII
  • Capela de Nossa Senhora dos Aflitos: fins do séc. XVII, altar em talha dourada
  • Chafarizes de granito, com duas bicas, impõem-se pela sua grandeza. Pode dizer-se que é de interesse concelhio, pela frescura e pureza da sua água (que os utentes afirmam ter propriedades medicinais). De Castelo Branco deslocam-se pessoas para recolher o precioso líquido.

Feiras: 2º Domingo de Janeiro
Festas e Romarias: S. Luís (Domingo de Pascoela); São Sebastião (dia da Nossa Senhora da Santíssima Trindade); Coração de Jesus (2º Domingo de Setembro)
Artesanato: bordados (tipo Castelo Branco), mantas de farrapos, colchas de linho e trabalhos em madeira
Gastronomia: enchidos, ensopado de cabrito
Doçaria: Tijelada, bolo de mel, bicas, borrachões.

Usos e costumes:

COBRÃO
O cobrão é o nome que o povo dá a uma doença de pele caracterizada pelo aparecimento de pequenas vesículas que surgem, segundo a a crença, devido à circunstância das roupas interiores, quando se encontram a secar, terem estado em contacto com qualquer bicho peçonhento: cobra, osga, lagarto ou lagartixa, bichos esses que nelas deixaram, como se diz em Cebolais de Cima, o seu rastejo. É o veneno contido nesse rasto que, em contacto com a pele, desencadeia a doença.

Para curar o doente repetia-se esta fórmula:
Rezado em cruz sete vezes:

Aqui te benzi, aqui te torne a benzer
Para que não cresças, nem inverdeças,
Nem juntes o rabo com a cabeça.

Depois a curandeira pega numa réstia de alhos e desenrola-se entre ela e o doente o diálogo seguinte:

Curandeiro: - Tu tens um cobrão?
Doente: - Ou terei ou não.
Curandeiro: - Corta-lhe a cabeça
Doente: - Corta tu ou não
Curandeiro: - Tu tens um cobrão?
Doente: - Ou terei ou não.
Curandeiro: - Corta-lhe o meio
Doente: - Corta tu ou não
Curandeiro: - Tu tens um cobrão?
Doente: - Ou terei ou não.
Curandeiro: - Corta-lhe o rabo
Doente: - Corta tu ou não

Por fim, queima-se a réstia de alhos e bota-se primeiro mel sobre a parte infectada e, em seguida, a cinza das réstias, para secar o mal.
Esta fórmula oferece a originalidade de apresentar estrutura em diálogo entre a rezadeira e a pessoa doente. Nesse diálogo. Dois pormenores existem que se devem ser revelados: a primeira frase " tu tens um cobrão?" e a repetição quase contínua e exaustiva de "corta-lhe". A primeira frase patenteia o costume de se invocar o nome da doença no início da fórmula libertadora; e incidência repetitiva que surge no diálogo em relação a "corta-lhe" reside no facto de ser esta palavra forte, isto é, a palavra através da qual a rezadeira liberta a pessoa do mal que a aflige, a palavra que corta um laço que liga a pessoa à doença.
O número de vezes necessário para eficácia das palavras é de sete. O gesto enfeitiçante é o sinal da cruz: ao fazer-se a cruz sobre qualquer coisa atraem-se as forças mágicas dos quatro pontos cósmicos, ideia reforçada pelo facto de o sentido esquerda – direita, ao qual o sinal da cruz obedece, representar simbolicamente o passar da morte à vida.
A utilização do mel e das cinzas das réstias de alho, em conjunto com a fórmula libertadora, mostra nesta versão de Escalos de Baixo, uma dupla intenção: a de desligar a pessoa do mal, por um lado, e a de curar, por outro com o auxílio do mel e das cinzas das palhas de alho.

ERISIPELA

Doença de pele também constituída por pequenas bolhas que dão à parte atacada uma coloração avermelhada.

Donde vindes S. Julião?
Venho de Roma.
Que há por lá ?
Zepelas e zepelões.
Volta atrás, vai curá-las.
Com o quê?
Com pailhas, trigas e azeite virgem.
Em louvor de S. Julião e Senhor do Horto,
Que tire o mal deste corpo.

De seguida, rezam-se cinco Pai Nossos e cinco ave-marias em louvor do Senhor do Horto. Durante a reza, molha-se a pailha trigo no azeite virgem e aplica-se em cruz na parte enferma.

Modo de aplicação: pailhas trigas;
Gesto enfeitiçante: reza ser feita em cruz, tal como nas versões anteriores;
Número eficaz: cinco

Obrigatoriedade do azeite ser virgem, isto é, azeite proveniente da azeitona sem sal e não caldeada.